Exposição Temporária - Painéis
O que estuda a arqueologia
A arqueologia estuda e interpreta o modo de vida de populações do passado, sua economia, organização social e política, suas crenças e os processos que levaram a permanências e mudanças culturais. O conhecimento sobre sociedades de outros tempos e lugares nos permite uma melhor compreensão do nosso próprio mundo. Estas experiências do passado não apenas enriquecem o nosso conhecimento, mas permitem também um distanciamento necessário do momento histórico em que nós estamos vivendo para compreendê-lo melhor.
No passado, inovações tecnológicas, mudanças políticas, econômicas e ambientais tiveram um papel importante na reorganização das sociedades e afetaram de forma significativa o estado de saúde, a visão de mundo e as relações sociais, inclusive com povos de outras culturas. Ao estudar o passado podemos compreender melhor o nosso mundo atual e vislumbrar os possíveis caminhos do futuro.
A história do Brasil não começa em 1500. As pesquisas arqueológicas revelam uma grande diversidade cultural das populações que ocuparam o território nacional antes da chegada do europeu e do africano.
Esta exposição convida você para um pequeno passeio pelo passado do Brasil, ainda muito pouco conhecido.
Na construção da identidade de uma sociedade, o passado, mesmo pouco glorioso, desempenha um papel importante. Precisamos portanto conhecê-lo antes que ele nos devore.
Loca do Castelo
(Poxoréu) |
Sepultamento do sítio Índio Grande
(Pantanal, MT) |
Machado semi-lunar
(Mossâmedes, GO) |
Cerâmica do período colonial
(Pires do Rio, GO) |
Métodos e Técnicas da arqueologia
O arqueólogo obtém as informações a partir dos vestígios materiais deixados pelas sociedades do passado, tais como: plantas de sítios, fundos de casas, locais cerimoniais, enterramentos, fossas alimentares, artefatos de pedra, cerâmica, osso, madeira e concha.
Na interpretação dos vestígios o arqueólogo precisa contar com a colaboração de profissionais de diversas outras áreas de conhecimento, tais como: etnólogos, geólogos, geógrafos, físicos, químicos, biólogos, estatísticos, entre outros.
Um artefato isolado corresponde a uma página de um livro que, sem título, autor, início e fim, fica sem sentido. O arqueólogo se utiliza de diversos métodos e técnicas que permitem a contextualização dos vestígios materiais dos antepassados que ocuparam o Brasil antes da Conquista.
Os achados arqueológicos precisam ser inseridos em um contexto e exigem um levantamento sistemático ou amostral de uma região e o seu estudo ambiental.
Seguem-se a delimitação dos sítios, coletas controladas em superfície, cortes, testes e escavações.
A época em que uma sociedade ocupou um sítio arqueológico pode ser determinada a partir da análise do Carbono 14 ou da termoluminiscência. Para a datação absoluta pelo C-14 utiliza-se carvão das fogueiras ou outros restos orgânicos, enquanto a idade dos fragmentos cerâmicos e os instrumentos de pedra, aquecidas antes de sua manufatura, pode ser determinada pela termoluminiscência.
Medição de um sítio
com teodolito |
Coleta de material arqueológico
em superfície |
Escavação e coleta de carvão
para a datação absoluta |
Trabalho em
laboratório |
A ocupação humana do continente americano
As pesquisas lingüísticas, biológicas e arqueológicas não deixam mais nenhuma dúvida de que as populações ameríndias têm sua origem na Ásia e que, provavelmente migraram para o continente Americano através do Estreito de Bering, em um período em que estes continentes ainda estavam ligados por uma espessa camada de gelo.
Trata-se de pelo menos três ondas migratórias distintas, das quais uma, a dos chamados "Ameríndios", chegou à América do Sul. No final da última glaciação, por volta de 13.000 a.C., estes grupos caçadores/coletores perseguiam manadas de animais de grande porte e entraram na América sem perceber que estavam em um novo continente. Estes animais de grande porte eram levados à beira de grandes abismos onde, em seguida, eram abatidos com eficientes pontas de flechas de pedra lascada, que na América do Norte são identificadas com a cultura Clovis.
Entre os animais perseguidos por estes homens do final do Pleistoceno encontramos: mamute, elefante, bicho preguiça gigante, camelo e bisonte, entre outros, mas que eram muito diferentes dos dinossauros, que se extinguiram há 60.000.000 de anos.
Observamos no mapa as prováveis rotas de migração para a América, que com o prosseguimento das pesquisas podem ainda sofrer modificações.
Rotas de migração da Ásia para a América
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Caçadores do
final do Pleistoceno |
Caçadores do
final do Pleistoceno |
Bicho preguiça gigante
do Pleistoceno |
Ponta de
lança Clovis |
Geleira na região do Estreito
de Bering |
Os primeiros habitantes do Brasil
Ainda há muita discórdia entre os cientistas a respeito da época em que estes primeiros homens teriam chegado à América do Norte e à América do Sul. Uma das provas incontestáveis da presença humana no Brasil é o esqueleto de uma mulher da espécie "homo sapiens sapiens" encontrado na região de Lagoa Santa no abrigo Lapa Vermelha em Minas Gerais, com data aproximada de 10.000 a.C. Todas as datações mais antigas de diversas partes do Brasil, especialmente da Bahia e do Piauí, ainda exigem comprovações mais seguras. No entanto, a primeira leva humana para as Américas provavelmente é anterior a 13.000 a.C., época em que a temperatura do Planeta aumentou, tornando a travessia do Estreito de Bering perigosa.
No Brasil, sítios arqueológicos dos primeiros ocupantes são encontrados desde a Amazônia até o Rio Grande do Sul e compreendem, além dos abrigos-sob-rocha, acampamentos a céu aberto. Suas ferramentas de pedra lascada abrangem: pontas de flecha, raspadores, perfuradores, lâminas para cortar, entre outras. Observamos no mapa alguns dos locais mais importantes onde foram encontrados vestígios dos habitantes mais antigos do Brasil.
Sítio dos caçadores/coletores antigos
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A arte rupestre
Os grupos caçadores/coletores viviam em acampamentos a céu aberto e utilizavam os abrigos-sob-rocha para diversas atividades cerimoniais. Nas paredes e tetos destes abrigos eles deixaram pinturas e gravuras que, apesar do tempo, chegaram aos nossos dias. Utilizando pigmento de origem mineral conseguiam as cores preto, marrom, branco e vermelho, predominando esta última em todas as regiões do Brasil.
Esta prática de decorar as paredes dos abrigos não se limita apenas ao período dos caçadores/coletores, como mostra a pintura de um campo de milho em Minas Gerais. Podem ser encontradas também pinturas e gravuras do período colonial, algumas das quais atribuídas aos moradores dos quilombos.
Encontramos no Brasil uma grande variedade estilística. No Nordeste predominam as pequenas figuras antropomorfas e zoomorfas em cena, enquanto em Minas Gerais, Bahia, Goiás e Mato Grosso as representações zoomorfas e geométricas são mais freqüentes.
As gravuras geralmente se encontram em abrigos ou sobre grandes lajedos horizontais e verticais nas proximidades de cursos d’água e foram produzidas por meio de raspagem, polimento ou picoteamento. Enquanto no Sul do Brasil predomina um estilo mais geométrico, aumentam em direção à Amazônia as representações humanas e de animais. Algumas das gravuras podem ser associadas a grupos agricultores que viviam em grandes aldeias.
O significado original dessas representações nos escapa, mas a partir de estudos regionais e contextualizados, os motivos parecem remeter ao mundo sobrenatural e a questões diretamente relacionadas à procriação e à subsistência.
As pinturas
Serranópolis (GO) |
Tradição Nordeste (PI)
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Tradição São Francisco (MG)
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Pintura bicrômica do Morro Vermelho(MT)
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Tradição Nordeste (PI)
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As gravuras
Pedra do Ingá (PB)
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Abrigo do Sol (MT)
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Funilão do Rio Claro (GO)
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Morro do Jarudore (MT)
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Os grupos pescadores/coletores do litoral
Entre 4.500 a 2.000 a.C. o clima se tornou mais quente, as chuvas mais intensas e o nível do mar mais alto que hoje. Durante este período viviam, ao longo do litoral, grupos pescadores/coletores. Eles habitavam os chamados sambaquis, que se encontram desde o Rio Grande do Sul até o Pará. Os Sambaquis são elevações que se formaram a partir do acúmulo dos restos alimentares, entre os quais diversos tipos de moluscos e peixes, e sobre eles eram construídas cabanas. Os mortos eram enterrados no fundo dessas cabanas ou em áreas externas. Entre as oferendas funerárias encontram-se colares de concha e artefatos esculpidos em osso ou pedra. Os sambaquis podem atingir uma altura de até 30 m e localizam-se preferencialmente em baías, onde ocorrem de forma agrupada.
Estes grupos eram bastante sedentários e as oferendas funerárias (como os zoólitos e os bastões de comando escupidos em osso de baleia) e as diferenças dos depósitos de lixo entre sítios próximos, indicam sociedades com uma elaborada estrutura social e uma divisão de trabalho entre as diversas unidades residenciais.
Os Sambaquis
Escultura em osso
de baleia (SC) |
Escultura antropomorfa
em pedra (SC) |
Zoólito (SC)
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Enterramento em sambaqui (RJ)
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Sambaqui Ribeirão do Cubatão (SC)
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Os primeiros grupos ceramistas
A cerâmica mais antiga encontrada no Brasil tem data aproximada de 5.000 a.C. e foi produzida por grupos pescadores/coletores de um sambaqui fluvial - o sítio Taperinha, perto de Santarém (PA). Em sambaquis do litoral do Pará a cerâmica da tradição Mina tem datação de 3.500 a.C.
Nas terras baixas do Rio Grande do Sul, grupos caçadores/coletores/pescadores, que viveram entre 600 d.C. até o período do contato, ocupavam os cerritos e fabricavam a cerâmica da tradição Vieira. Os cerritos são aterros artificiais de forma circular ou elipsóide que medem de 15 a 100 m de diâmetro, e têm até 7 m de altura. Eles serviam principalmente para a proteção contra as enchentes e foram construídos com terra que se retirou das proximidades.
No Pantanal matogrossense a ocupação humana recua a pelo menos 2.500 a.C.. A partir da era cristã apareceram ali os primeiros grupos ceramistas que coletavam arroz selvagem, consumiam muitos peixes e outros animais aquáticos e terrestres. Suas cabanas foram erguidas sobre pequenas elevações artificiais, chamadas de aterros, de forma circular ou elipsóide, com até 120 m de diâmetro e 4 m de altura. Com o aterramento artificial e o descarte do lixo doméstico, os aterros se tornaram cada vez mais elevados e mais seguros contra as cheias, de modo que serviam como marcadores territoriais e referencial geográfico para os navegadores desta imensa planície de inundação.
Sítios e artefatos de argila dos antigos grupos ceramistas
Antigas cerâmicas do sítio Taperinha(PA)
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Fragmentos cerâmicos do Abrigo do Sol (MT)
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Perfil e planta baixa de um cerrito (RS)
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Vista para o aterro Carajás |
O início da agricultura
Com o surgimento da agricultura e uma maior sedentariedade, encontramos uma grande diversidade cultural entre os grupos pré-coloniais brasileiros. Eles ocuparam abrigos, aterros, sítios a céu aberto, casas subterrâneas e, no litoral, sítios sobre dunas.
Na Amazônia, os primeiros cultivos se iniciaram por volta de 2.000 a.C.. Em Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás começaram a partir da era cristã. A maioria das plantas domesticadas foi trazida da América Central e da região Andina, tais como: milho, mandioca, feijão, amendoim, cabaças e algodão.
Evidências botânicas das primeiras plantas cultivadas, como o milho, feijão e amendoim foram encontradas em diversos abrigos de Minas Gerais e receberam data aproximada de 850 a.C.. Nestes abrigos os restos alimentares eram estocados em grandes silos dentro do chão. Assim, em períodos da entresafra havia abundantes alimentos e os grupos se deslocavam para a região dos abrigos. Estes primeiros cultivadores viviam em pequenos grupos, completavam sua subsistência com produtos da caça e coleta e enterravam seus mortos nos abrigos.
Nas matas de araucária do planalto do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná encontramos um outro tipo de habitação que existiu no período compreendido entre 400 d.C. e o contato com o europeu. Para se proteger do frio e dos inimigos, estes povos que fabricavam a cerâmica da tradição Taquara e Itararé, construíram suas casas dentro do chão: as chamadas casas subterrâneas ou "buracos do bugre".
Durante um período do ano eles viviam em aldeias a céu aberto, mas no inverno, durante a maturação do pinhão, um alimento altamente nutritivo, subiam para a serra e ocupavam as casas subterrâneas. Alguns destes sítios são formados por até 68 casas, enquanto outros contam com apenas uma ou poucas destas construções. Os mortos eram provavelmente enterrados nos aterros que se situavam entre as casas.
Primeiros agricultores do Sul
Cerâmica Taquara (RS)
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Perfis de casas subterrâneas (RS)
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Milho nativo |
Os grupos agricultores
Ceramistas do Brasil Central
No Brasil Central apareceram, por volta de 800 d.C., as primeiras grandes aldeias anulares de grupos ceramistas agricultores que podiam contar com até 90 casas dispostas em um, dois ou três círculos. Na parte central, às vezes, havia uma casa reservada para os homens e onde se realizavam as cerimônias. Estas aldeias podiam contar com uma população de até 2.000 pessoas.
Alguns destes grupos, como os do Xingu, da região do Araguaia e do alto Tocantins, viviam basicamente da mandioca e do peixe. Os seus recipientes cerâmicos característicos são as grandes bacias e pratos com base plana. Na micro-região do Mato Grosso de Goiás, os povos pré-coloniais cultivavam sobretudo o milho e fabricavam grandes e altos recipientes piriformes.
Assim, 700 anos antes da Conquista as populações do Brasil Central já eram agricultoras, empregavam o machado polido para derrubar as árvores e fabricavam uma cerâmica utilitária, bem como rodelas de fuso, carimbos cilíndricos e cachimbos tubulares.
Havia uma intensa rede de trocas e de relações sociais entre grupos culturalmente distintos, sendo que os diferentes tamanhos dos sítios contemporâneos indicam não apenas variações demográficas, mas também uma certa hierarquia.
Em algumas das antigas e populosas aldeias, as diferenças na cultura material indicam uma divisão de trabalho por unidades residenciais e uma diferença de poder entre as famílias. Desta forma estas sociedades não eram tão igualitárias como se pensava antigamente.
A partir do século XIII da nossa Era, fortes pressões demográficas internas e externas exigiram estratégias defensivas, como a construção de enormes valetas ao redor das aldeias (no alto Xingu) ou o deslocamento das aldeias para lugares de difícil acesso e uma boa visibilidade, como no Mato Grosso e no divisor das águas entre o Araguaia e o Paranaíba em Goiás.
Os arqueólogos distinguem diversas tradições ceramistas dos agricultores das grandes aldeias pré-coloniais no Estado de Goiás. Os sítios da tradição Aratu, que se situam mais ao leste e sul do Estado, os da tradição Uru em direção ao Araguaia, e os da tradição Tupiguarani, que se encontram de forma dispersa sobre toda a área.
Planta da aldeia Bonsucesso(GO)
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Cerâmica e adornos sobre Concha - Goiás
Recipiente cerâmico
(Pedra Talhada, GO) |
Carimbo cilíndrico
(Sítio Piracanjuba, GO) |
Urna Aratu (Buriti de Goiás)
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Anzol (Pedra Talhada, GO)
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Adorno sobre concha |
Os Tupi da costa e as suas migrações
As populações pré-coloniais da Língua Geral ou Tupi tiveram uma remota origem na Amazônia e se espalharam rapidamente sobre uma grande área do Brasil. Por volta de 200 d.C. chegaram até o Rio Grande do Sul e, em um período mais recente, ocuparam uma parte significativa do litoral, onde foram encontrados pelos portugueses.
A partir da cerâmica podem ser distinguidas duas grandes tradições: a Guarani, do sul do Brasil, e a Tupinambá, do nordeste e leste. As aldeias eram economicamente independentes e contavam com grandes casas comunais. Havia intensas redes de troca e guerras com comunidades vizinhas e sociedades culturalmente distintas. Durante o período do contato com a sociedade brasileira, os Tupi começaram a fortificar suas aldeias com paliçadas.
Quando os jesuítas estabeleceram as suas missões, estes grupos ainda fabricavam uma cerâmica policrômica. Os Tupinambá usavam para o preparo da mandioca grandes bacias elipsóides ou retangulares com uma rica decoração policrômica relacionada à sua visão de mundo. Os Guarani, que cultivavam sobretudo o milho e consumiam uma bebida levemente fermentada, fabricavam grandes recipientes piriformes pintados ou corrugados que também serviam como urnas funerárias.
A expansão dos Tupi
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As aldeias e a cerâmica dos Tupi
Aldeia Tupinambá do período do
contato, com paliçadas |
Tigela retangular policrômica
Tupinambá (PE) |
Uma funerária bicrômica
Guarani (SP) |
Recipiente policrômico |
Recipente corrugado
Guarani (RS) |
As culturas pré-coloniais da Amazônia
Por volta da era cristã, começaram a se desenvolver na Amazônia, sociedades com classes sociais, uma certa centralização de poder e uma elite religiosa. Sua elaborada cerâmica era fabricada por especialistas e utilizada apenas por parte da população. As oferendas funerárias, as formas dos enterramentos e o estado de saúde indicam diferenças de status e poder.
As duas principais tradições ceramistas, a Incisa Ponteada e a Policrômica, são parcialmente contemporâneas e ocupam espaços geográficos distintos. A tradição Incisa Ponteada é encontrada principalmente entre Manaus e Santarém, enquanto os sítios da tradição Policrômica situam-se mais no alto curso do Amazonas e nas proximidades de sua foz.
Na Ilha do Marajó, por exemplo, estas sociedades construíram grandes aterros artificiais, os tesos, que formaram um tipo de cidade. Neles se construíam as casas e se enterravam os mortos em urnas. Em outras áreas da Amazônia, há extensas e espessas manchas de terra preta que resultaram da intensa ocupação das populações pré-coloniais que ali permaneceram durante dezenas de anos.
Ainda há uma certa controvérsia sobre a origem destas sociedades. Alguns pesquisadores pensam que seriam originárias dos Andes, enquanto outros acreditam que o berço deste desenvolvimento cultural teria acontecido na própria Amazônia Brasileira. Um pouco antes da chegada do colonizador, a região amazônica já estava ocupada por muitas sociedades distintas que se caracterizavam por uma complexidade sociopolítica e por contingentes demográficos significativos.
As tradições ceramistas da Amazônia
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A diversidade das culturas amazônicas
Cerâmica Marajoara (PA)
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Estatueta de Pedra do Tapajós (PA)
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Reconstituição de tesos |
Cerâmica da região
de Santarém (PA) |
A diversidade das culturas amazônicas
Estatueta de cerâmica
(Santarém, PA) |
Apliques cerâmicos
(Santarém, PA) |
Cerâmica Marajoara (PA) |
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O contato com o europeu e com o africano
Ainda é cedo para estimar o número da população aborígene brasileira anterior à chegada do europeu e do africano. Os massacres, aprisionamentos para utilização como mão-de-obra escrava e a disseminação de doenças (como gripe, varíola, sarampo etc.), para as quais os índios não tiveram anticorpos, provocaram uma mortandade sem precedentes.
A partir do contato com os colonizadores, as sociedades indígenas passaram por profundas mudanças sociais, políticas, econômicas e demográficas. A sociedade brasileira incorporou uma série de elementos da cultura indígena, mas o europeu e o africano também começaram a fazer parte da cultura material e do universo simbólico das sociedades aborígenes.
O contato através da cultura material
Índios Xerente - 1895
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Mapa do Brasil com Caravelas
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Cerâmica Kadiwéu
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Vestimenta de entrecasca
Tukuna com motivos europeus |
Arqueologia histórica
A arqueologia histórica ou arqueologia de sítios históricos estuda o processo de contato cultural de sociedades de diferentes etnias – os indígenas, os negros, os brancos – e os impactos causadores de mudanças ideológicas e religiosas.
Este estudo é realizado através da cultura material encontrada (cerâmica, louça, faiança, vidro, metal, restos de edificações), da documentação arquivística (correspondências oficiais, cartas de sesmarias e de patentes, registros paroquiais e outros), da documentação iconográfica (mapas, desenhos e pinturas) e da pesquisa oral (depoimentos orais/memória social).
A data de 1500 marca oficialmente a descoberta do Brasil pelos portugueses e sua introdução ao mundo europeu – o Velho Mundo. Nesse momento, o Brasil é inserido na divisão do trabalho no império português, que passa a explorar os recursos naturais (madeiras, plantas medicinais, animais e minerais) e a utilizar inicialmente os ameríndios e posteriormente os africanos – vindos de diversos grupos étnicos da África – como força de trabalho escrava. A partir daí, as terras ameríndias são usurpadas para a expansão colonialista, com a instalação de feitorias, engenhos de açúcar, caminhos, fazendas de gado, áreas de extração mineral, portos de navegação, unidades manufatureiras e habitacionais – áreas rurais e urbanas.
Os sítios arqueológico-históricos são aqueles que caracterizam essa fase de contato e pós-contato: as áreas de garimpo, os fortes militares ou presídios, os engenhos de cana de açúcar, os arraiais, as fazendas de criação, os portos de navegação, os quilombos.
Os registros arqueológicos são analisados sob aspectos interdisciplinares a partir do contexto histórico em que estão inseridos. Assim, a arqueologia histórica oferece novas perspectivas de pesquisa às Ciências Humanas ao associar a análise da cultura material aos documentos escritos e falados.
Sítios e objetos do período histórico
Recipiente cerâmico do período colonial
(São Januário/Jaraguá-GO) |
Faiança fina policromada
(Sítio São Januário/Jaraguá - GO) |
Altar-mor da Igreja N. S.
do Rosário (Jaraguá-GO) |
Vidros de rícino
(Santa Cruz-GO) |
Casa colonial (Pirenópolis, GO)
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Sugestões de leitura
Se você estiver interessado em saber mais sobre a pré-história do Brasil sugerimos algumas das seguintes leituras:
CUNHA, M. C. A. (org.) História dos Índios no Brasil. São Paulo: Schwarcz Ltda, 1992.
NEVES, E.G. Os Índios antes de Cabral: Arqueologia e História Indígena no Brasília: MEC/MARI/UNESCO, 1995. p. 171-192.
PROUS, André. Arqueologia Brasileira. Brasília: UnB, 1992.
TENÓRIO, M.C. (org.) Arqueologia Brasileira para alunos do 1o, 2o e 3o graus. Rio de Janeiro: UFR J, 1994.
TENÓRIO, M.C. (org.) Pré-História da Terra Brasilis. Rio de Janeiro: UFR J, 1999.