Pesquisa revela inovação tecnológica de primeiros humanos do Brasil Central
Novas descobertas arqueológicas desafiam classificações convencionais e mostram variabilidade de ferramentas e adaptações
Texto: João Lúcio
Fotos: LabArq
A pesquisa foi realizada em parceria do Laboratório de Arqueologia (LabArq) do Museu Antropológico da UFG com a doutoranda Marina Gonzalez-Varas, do Musée de l’Homme (França), e orientada por pesquisadores da Universidad Tecnológica de Pereira (Colômbia), Institut Français d’Etudes Andines (Perú) e Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC/GO). Por meio de análise tecnológica de artefatos, com escaneamento das peças em 3D, a investigação identificou uma diversidade morfológica e funcional de ferramentas líticas encontradas em sítio arqueológico goiano, o que revela uma produção e inovação tecnológica no povoamento inicial do Brasil Central mais complexa do que se pensava anteriormente. O resultado foi publicado na revista científica internacional Plos One.
A pesquisa coletou dados da coleção lítica do sítio Arqueológico GO-Ni.1 Caieira Barreiro, localizado no município de Planaltina de Goiás, que já havia sido estudado no início da década de 1970. Nos últimos dois anos, o material deste sítio passou por uma nova curadoria, com a troca das antigas etiquetas e caixas, além da atualização dos inventários no âmbito do Projeto: Pesquisa, Salvaguarda e Comunicação Museal dos acervos arqueológicos do Museu Antropológico/UFG, explica Rafael Lemos, arqueólogo do LabArq.
A hipótese do estudo é que a variabilidade observada nas ferramentas resulta de uma combinação de fatores, incluindo a disponibilidade de matéria-prima e os requisitos funcionais e ergonômicos. Para testar essa hipótese, os pesquisadores realizaram uma análise de 67 ferramentas unifaciais. A investigação utilizou análise morfométrica geométrica 3D e tecnoestrutural aplicada para investigar a variabilidade de ferramentas unifaciais do Holoceno no Brasil Central tropical.
"É de grande importância para a arqueologia, especialmente no que diz respeito à compreensão das estratégias tecnológicas e adaptações dos grupos humanos pré-históricos às suas necessidades funcionais", destacou Rafael Lemos. Essa metodologia permitiu quantificar com precisão a geometria das ferramentas e explorar suas potenciais funções, revelando uma diversidade morfo-estrutural significativa dentro dos grupos tecno-estruturais, desafiando classificações tipológicas convencionais.
A análise demonstrou que a variabilidade das ferramentas é um reflexo de uma abordagem sofisticada e provavelmente surgiu de adaptações às condições ambientais e culturais. "Para a pesquisa realizada na Universidade Federal de Goiás (UFG), essa investigação é particularmente relevante, pois contribui para o entendimento do contexto arqueológico local e regional, destacando a importância do sítio GO-Ni.1 como um espaço de produção e inovação tecnológica", afirma Rafael Lemos.
O acervo arqueológico do GO-Ni.1, Sítio Caeira Barreira, foi revisitado em diferentes situações e em cada uma delas demonstrou potencialidades de diálogos, descobertas e novas pesquisas. Esta pesquisa, com uma pequena amostra do acervo, possibilitou que estes artefatos líticos sejam interpretados como vestígios arqueológicos que oferecem informações cruciais para entender as habilidades, conhecimentos e identidades técnico-culturais dos grupos estudados. “Nessa perspectiva o estudo com acervo do GO-Ni.1 avança com novas experiências, narrativas com as materialidades e colabora no exercício para o diálogo com o público”, conclui Tatyana Beltrão, pesquisadora do LabArq.
Fuente: LabArq
Categorías: Pesquisa UFG Notícias capa
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