 
  
  Semana debate direitos dos povos indígenas e processos de resistência
No marco dos 30 anos da Constituição de 1988, Semana dos Povos Indígenas propõe 
discussões sobre cidadania indígena e conta com a participação de mais de 3 mil 
pessoas
Texto: Ênya Morais
Fotos: Paola Gomes e Lucas Yabagata.
      “Vejo sofrimento do indígena na Universidade, na cidade e na aldeia”, diz o estudante 
de Direito da UFG, Leomar Xerente, durante a abertura da Semana dos Povos Indígenas, no 
último dia 8. A Semana, de 8 a 12 de abril, contou com o protagonismo indígena e propôs a 
discussão do direito à cidadania desses povos no Brasil. Resistência, garantia de direitos e 
representatividade foram algumas das palavras de ordem mais debatidas. O evento, já 
tradicional no Estado, é realizado pelo Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia da PUC 
Goiás em parceria com o Museu Antropológico da UFG e o Conselho Indigenista Missionário 
(CIMI). Com a temática “A Constituição de 1988 e os processos de resistência dos povos 
indígenas” contou com a participação de mais de três mil pessoas entre pesquisadores, 
docentes, estudantes e representantes de diversas etnias.
     Segundo o Professor e doutorando em Antropologia Social na UFG, Vilmar Guarany, o 
atual momento é de claro desmonte dos direitos indígenas, por isso a importância de eventos 
como este. Ele afirma que todos devem fazer frente a este movimento através dos processos 
de resistência, sejam eles acadêmicos, jurídicos ou afirmativos. Já Vanessa de Araújo, 
Assessora Jurídica da CIMI, explicou que os indígenas resistem a mais de 500 anos no Brasil e 
que cada povo faz isso de modo particular. Ela destacou que se apropriar do conhecimento e 
saber a importância desses povos também é uma forma de resistir: “é preocupante perceber 
que não se sabe a importância dos indígenas para o meio ambiente, para a cultura, para o 
Brasil. Temos que questionar a história oficial deste país”, concluiu.
     Palestras, oficinas, ações educativas, lançamentos e feiras: a intensa programação 
contou com uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás e o pré-
lançamento do documentário “Amazônia – O despertar da Florestania” dirigido pela atriz e 
ambientalista Christiane Torloni e pelo diretor Miguel Przewodowski, no dia 9. Painel de 
debates, ações educativas e mostras de cinema nos dias 10, 11 e 12. “Os povos indígenas são 
grupos humanos de imensa e complexa diversidade, o que traz uma riqueza cultural para o 
Brasil. Então, houve um esforço muito grande de se fazer um evento que fosse não só para os 
povos indígenas, mas com os povos indígenas”, afirma Diego Mendes, arqueólogo e vice-
diretor do Museu Antropológico da UFG. Todas as atividades propostas contaram com 
pesquisadores, professores e alunos indígenas.
Os saberes indígenas
     As discussões acerca dos conhecimentos indígenas foram tratadas nas mesas redondas 
do Museu Antropológico “Saberes e regimes de conhecimento indígenas” e “A produção de 
coletivos indígenas”, no dia 10. Representantes de diferentes etnias estavam na composição 
das bancas: Ailton Bororo, estudante de Enfermagem da UFG, Elza XErente, liderança indígena 
de Tocantins, Izael Guajajara, estudante de Odontologia da UFG, Suzane Xerente, liderança 
indígena de Tocantis e Welingtom Tapuia, professor da Escola Cacique José Borges – Terra 
Indígena Carretão. “É fundamental que eles e elas venham aqui e coloquem as demandas, as 
pesquisas e o que é produzir conhecimento na perspectiva indígena. Por meio desse diálogo, 
estão nos ensinando outras formas de conceber o mundo. E isso gera pontes de 
interculturalidade que são fundamentais para se fazer uma Universidade mais inclusiva e 
diversa”, pontuou o vice-diretor do MA.
     Segundo Marlene Ossami de Moura, antropóloga, professora da PUC Goiás e 
coordenadora do evento, um dos pontos positivos da Semana dos Povos Indígenas de 2019 foi, 
justamente, a parceria com o Museu Antropológico da UFG que agregou em organização, 
infraestrutura e aprofundamento dos debates: “A contribuição de professores, servidores e 
alunos dessa instituição e, sobretudo, a ampliação da discussão sobre a realidade indígena em 
diferentes áreas do conhecimento, antropologia, museologia, arqueologia e linguística. Essas 
parcerias são fundamentais e se somam às lutas dos povos indígenas”, finaliza.
Veja abaixo registros fotográficos das atividades realizadas no Museu Antropológico durante a Semana dos Povos Indígenas:
09/04 - Oficina Experiências interculturais: fazendo arte em Cerâmica
Fotos: Paola Gomes
10/04 - Mesa Redonda A produção de Coletivos Indígenas
Fotos: Paola Gomes
11/04 - Comunicações: apresentação de trabalhos voltados à temática da Semana dos Povos Indígenas
Fotos: Lucas Yabagata
12/04 - Cinema com debate - Filme "Índio Cidadão?"
Fotos: Lucas Yabagata
Fuente: Secretaria do Museu Antropológico
