Povos Indígenas

Semana debate direitos dos povos indígenas e processos de resistência

Atualizada em 22/04/19 17:11.

No marco dos 30 anos da Constituição de 1988, Semana dos Povos Indígenas propõe
discussões sobre cidadania indígena e conta com a participação de mais de 3 mil
pessoas

 

Texto: Ênya Morais

Fotos: Paola Gomes e Lucas Yabagata.

   

 

      “Vejo sofrimento do indígena na Universidade, na cidade e na aldeia”, diz o estudante
de Direito da UFG, Leomar Xerente, durante a abertura da Semana dos Povos Indígenas, no
último dia 8. A Semana, de 8 a 12 de abril, contou com o protagonismo indígena e propôs a
discussão do direito à cidadania desses povos no Brasil. Resistência, garantia de direitos e
representatividade foram algumas das palavras de ordem mais debatidas. O evento, já
tradicional no Estado, é realizado pelo Instituto Goiano de Pré-História e Antropologia da PUC
Goiás em parceria com o Museu Antropológico da UFG e o Conselho Indigenista Missionário
(CIMI). Com a temática “A Constituição de 1988 e os processos de resistência dos povos
indígenas” contou com a participação de mais de três mil pessoas entre pesquisadores,
docentes, estudantes e representantes de diversas etnias.

     Segundo o Professor e doutorando em Antropologia Social na UFG, Vilmar Guarany, o
atual momento é de claro desmonte dos direitos indígenas, por isso a importância de eventos
como este. Ele afirma que todos devem fazer frente a este movimento através dos processos
de resistência, sejam eles acadêmicos, jurídicos ou afirmativos. Já Vanessa de Araújo,
Assessora Jurídica da CIMI, explicou que os indígenas resistem a mais de 500 anos no Brasil e
que cada povo faz isso de modo particular. Ela destacou que se apropriar do conhecimento e
saber a importância desses povos também é uma forma de resistir: “é preocupante perceber
que não se sabe a importância dos indígenas para o meio ambiente, para a cultura, para o
Brasil. Temos que questionar a história oficial deste país”, concluiu.

     Palestras, oficinas, ações educativas, lançamentos e feiras: a intensa programação
contou com uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás e o pré-
lançamento do documentário “Amazônia – O despertar da Florestania” dirigido pela atriz e
ambientalista Christiane Torloni e pelo diretor Miguel Przewodowski, no dia 9. Painel de
debates, ações educativas e mostras de cinema nos dias 10, 11 e 12. “Os povos indígenas são
grupos humanos de imensa e complexa diversidade, o que traz uma riqueza cultural para o
Brasil. Então, houve um esforço muito grande de se fazer um evento que fosse não só para os
povos indígenas, mas com os povos indígenas”, afirma Diego Mendes, arqueólogo e vice-
diretor do Museu Antropológico da UFG. Todas as atividades propostas contaram com
pesquisadores, professores e alunos indígenas.

Os saberes indígenas

     As discussões acerca dos conhecimentos indígenas foram tratadas nas mesas redondas
do Museu Antropológico “Saberes e regimes de conhecimento indígenas” e “A produção de
coletivos indígenas”, no dia 10. Representantes de diferentes etnias estavam na composição
das bancas: Ailton Bororo, estudante de Enfermagem da UFG, Elza XErente, liderança indígena
de Tocantins, Izael Guajajara, estudante de Odontologia da UFG, Suzane Xerente, liderança
indígena de Tocantis e Welingtom Tapuia, professor da Escola Cacique José Borges – Terra
Indígena Carretão. “É fundamental que eles e elas venham aqui e coloquem as demandas, as
pesquisas e o que é produzir conhecimento na perspectiva indígena. Por meio desse diálogo,
estão nos ensinando outras formas de conceber o mundo. E isso gera pontes de
interculturalidade que são fundamentais para se fazer uma Universidade mais inclusiva e
diversa”, pontuou o vice-diretor do MA.

     Segundo Marlene Ossami de Moura, antropóloga, professora da PUC Goiás e
coordenadora do evento, um dos pontos positivos da Semana dos Povos Indígenas de 2019 foi,
justamente, a parceria com o Museu Antropológico da UFG que agregou em organização,
infraestrutura e aprofundamento dos debates: “A contribuição de professores, servidores e
alunos dessa instituição e, sobretudo, a ampliação da discussão sobre a realidade indígena em
diferentes áreas do conhecimento, antropologia, museologia, arqueologia e linguística. Essas
parcerias são fundamentais e se somam às lutas dos povos indígenas”, finaliza.

 

Veja abaixo registros fotográficos das atividades realizadas no Museu Antropológico durante a Semana dos Povos Indígenas:

 

09/04 - Oficina Experiências interculturais: fazendo arte em Cerâmica

Fotos: Paola Gomes

 

 

10/04 - Mesa Redonda A produção de Coletivos Indígenas

Fotos: Paola Gomes

 

 

11/04 - Comunicações: apresentação de trabalhos voltados à temática da Semana dos Povos Indígenas

Fotos: Lucas Yabagata

 

 

 

12/04 - Cinema com debate - Filme "Índio Cidadão?"

Fotos: Lucas Yabagata

 

 

Fonte: Secretaria do Museu Antropológico