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Nota de solidariedade ao Museu Nacional da UFRJ

Atualizada em 11/09/18 10:29.

Reitoria manifesta pesar pela tragédia anunciada e defende construção de compromisso público de proteção aos nossos patrimônios científico e cultural

A Administração Superior da Universidade Federal de Goiás vem a público manifestar profundo pesar pela destruição de parte significativa do acervo histórico e científico do Museu Nacional, nossa casa de ciência primeira, que subitamente foi destruída pelo incêndio do Palácio da Quinta da Boa Vista. Ao mesmo tempo, expressa solidariedade aos técnicos, professores, pesquisadores e discentes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, de maneira particular aos que faziam do Museu Nacional o seu lugar de trabalho, ensino, produção de conhecimento e atividades laborais especializadas no estudo, na conservação e em ações educativas e expositivas relacionadas com as inúmeras e raras coleções e dossiês documentais de áreas de conhecimento como Antropologia, Arqueologia, Geologia, Biologia, Linguística, Antropologia Biológica, dentre outras.

A UFG tem uma história de parceira institucional com o Museu Nacional que nos faz sentir em níveis mais profundos o tamanho dessa tragédia. Assim como o Museu Nacional, mas em sua dimensão regional, o Museu Antropológico da UFG é referencial de pesquisas, ensino e extensão diretamente associado com a própria fundação da UFG e a com a história da nação. O Museu Antropológico possui considerável parte de seu acervo etnológico composto por artefatos Karajá, o que possibilita resgatar a memória social dessa cultura como também dos povos da região do vale do Araguaia, escolhidos para representar a brasilidade via Marcha para o Oeste. E foram exatamente as coleções Karajá que tornaram mais fortes os laços do Museu Antropológico com o Setor de Etnologia e Etnografia do Museu Nacional. Estudos compartilhados contribuíram para ampliar o conhecimento acerca da cestaria Karajá e dos artefatos indígenas do Museu Nacional. Pesquisas sobre o modo de fazer das bonecas Karajá, coordenado pelo Museu Antropológico, levaram o registro de tal saber ser considerado pelo IPHAN como patrimônio imaterial brasileiro. Parte importante dessa pesquisa foi realizada no acervo raro e representativo das bonecas de cerâmica da Setor de Etnologia e Etnografia do Museu Nacional. Desde 2013, a coleção Karajá William Lipkind (1938-1939), do Museu Nacional, tem sido alvo de estudos aprofundados, coordenados pelo Museu Antropológico da UFG e conduzidos por equipes de pesquisadores, discentes de graduação e pós-graduação e técnicos das duas instituições.

O incêndio do Museu Nacional vulcaniza de maneira dolorosa as feridas causadas pelo descaso da nossa sociedade e do Estado, principalmente nos últimos anos, reduzindo drasticamente os investimentos em pesquisa e em projetos de fruição e extroversão do patrimônio cultural. Com a mutilação do Museu Nacional, morre um pouco dos nossos museus, das casas de cultura, das bibliotecas, dos teatros, dos patrimônios culturais.

Contudo, essa tragédia anunciada desperta reflexão e suscita a necessidade de ações políticas e institucionais. É momento de romper a inércia e projetar a memória do futuro. Devemos construir um compromisso público, nacional, político e jurídico de fazer cumprir a Constituição Federal, que determina ao poder público o dever de fomentar e de proteger nossos patrimônios científico e cultural. E, assim, criar as condições necessárias para produzir conhecimento e fazer ciência em seu patamar mais elevado, possibilitando o exercício da cidadania em sua forma plena.


Administração Superior da UFG

Fonte: SECOM UFG

Categorias: Incêndio